Esse post é dedicado às três pessoas que eu amo mais no mundo: papai, mamãe e vovó. Na verdade, acho que tenho que incluir minha outra avó também, porque o estilo dela era inconfundível (e ela me ensinou que tintura semi-permanente em louro escuro é o melhor remédio pra resolver qualquer problema de tintura mal feita - tem que respeitar né).
Pois: minha avó (a primeira, mãe do meu pai) era uma eterna jovem. Morreu com total saúde, por causa de uma acidente de carro bobo. Bobo mesmo, o carro estava a 30 por hora, mas ela estava sem cinto e bateu com a cabeça no parabrisa. Aquelas coisas da vida; quando você tem que ir, tem que ir mesmo. E meu pai faz 60 anos em setembro. Nunca imaginei meu pai com 60 anos... aquela coisa que a gente tem pré-concebida na cabeça, de que "velho" tem uma certa idade, "avô" tem uma certa idade e "pai" tem uma certa idade. E meu pai não é velho, nem avô. Só é meu pai, que eu ainda vejo com olhos de criança - e que também herdou da minha avó essa coisa de ser jovem pra sempre.
Minha mãe (aquela coisa estilosíssima na foto do newsroll) é super parecida comigo: pensa que "velho" tem idade, e que essa idade tá chegando pra ela. Ela fica tensa uns dias, em outros não tá nem aí e sabe que isso acontece com todo mundo. Mas uma coisa eu sempre falo pra ela: no dia em que a gente se acha velho, a gente morreu. E sempre dou uma sacudida nela quando ela acha que não tem que se arrumar!
Pois eu dediquei esse post a eles três (e à minha outra avó) porque descobri o Advanced Style. Ele é um blog de estilo e moda focado somente nas pessoas mais velhas e como o estilo transcende a idade. Na verdade, ele é a prova real de que o estilo fica MELHOR com a idade - é só a pessoa querer.
E mais: cada vez mais que me embrenho no mundo da moda, mais eu não o entendo. A população mundial tem uma expectativa de vida cada vez maior; os mais velhos são os que, por motivos óbvios, tem mais dinheiro; cada vez há menos jovens no mundo (lembra daquela pirâmide que te ensinavam no colégio?); e, ainda assim, a indústria da moda insiste em somente colocar como modelos e ícones pessoas que tem menos de 25 anos de idade.
Será mesmo que não existem it ladies ou it gentlemen? Será que dá prejuízo fazer roupa e ter uma marca direcionada a pessoas com mais de 40 anos? Será que "velhos" só se interessam por bocha, Ana Maria Braga e cardigans de tricô (nada contra, eu os amo!)?
Eu sei que minha mãe é uma mulher interessantíssima, com milhões de estórias pra contar. Meu pai e minhas avós idem. Porém eles parecem ser vistos como pessoas que já não "servem" mais para a moda, já "passaram da idade". O mesmo acontece com gordinhos, grávidas, crianças. Porque gordo tem sempre que vestir saco de batata, grávida tem que sair ou com a barriga de fora ou com um camisolão e crianças tem que ter desenhinho do Mickey (ou do Bob Esponja ou de qualquer seriado japonês que esteja na moda agora) estampado na camisa?
Sei não, viu... Acho que o mundo da moda, apesar de se dizer "de vanguarda", "fast-paced" e "inspiracional", me parece cada vez mais lento e preso às suas próprias idéias, sem aceitar o novo. E essa nova realidade está cada vez mais presente e ao nosso redor. Não aceitar que a população envelhece e que novas formas de comunicação com esse público devem ser adotadas é não só perder essa batalha, como possivelmente perder a guerra.
Não é à toa que o número de blogs e sites de compartilhamento de fotos e estilo proliferam na net. As pessoas não estão se sentindo mais confortáveis em somente "comprar a Vogue". Elas querem ver o real, querem ver o que tá rolando do outro lado do mundo, querem acesso irrestrito ao "mundo da moda". E eu acho que, se o "mundo da moda" não os deixar entrar, eles vão arrombar a porta e entrar. Mulheres, crianças e idosos primeiro.
P.S.: As fotos foram todas retiradas do "Advanced Style" - e eu recomendo muitíssimo a visita. É inspirador pra quem é "velho", "novo", "principiante" ou "avançado" no mundo da moda e na vida.
2 comentários - Comente aqui!:
Carol! Santa inspiração...post emocional em algumas linhas, onde eu como leitora sinto-me bem próxima de vc e, extremamente racional no protesto contra o preconceito no mundo fashion, o que não é NADA fashion. Moda nunca deveria segregar... Essa não é a moda que eu acredito. Entendo moda como linguagem da imagem e quando criamos grupos - alto, baixo, gordo ou magro, pobre ou rico e por aí vai - a linguagem fica limitada, incompleta, sem completar sua função. É preciso refletir sempre! Mais posts como esse Carol! ARRASO!!! Bjo [Lu]!!
adorei os velhinhos estilososss
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