Essa tendência não é nova; muito pelo contrário. Desde que a televisão invadiu nossas casas temos essa *necessidade absurda* de ter o que apareceu na telinha, seja isso um vestido, uma bijoux ou até mesmo uma geladeira. A idéia é bem simples: nós vemos algo que nos interessa na TV, aquilo nos gera um desejo de tê-lo - seja porque a heroína da novela veste algo lindo ou porque um personagem de uma sitcom norte-americana menciona um produto desconhecido - e procuramos incessantemente informações sobre aquele produto até conseguirmos consumí-lo.
Se o produto aparece por diversas vezes na TV então... aí é que o desejo é cada vez maior. Provavelmente essa descrição já serviu para algo que você viu na TV - assim como 99,99999% de todas as pessoas no mundo ocidental (e quiçá no mundo inteiro). Seja intencional ou não, muitos programas de TV acabam por promover marcas e produtos, e isso pode ser interessante para companhias e emissoras.
Nos anos 50 a série norte-americana I Love Lucy foi a mais vista durante seus seis anos de produção, e a procura por produtos veiculados na série mostrou a publicitários que programas de sucesso na TV eram uma forma muito interessante de propaganda. De toda forma, o termo "product placement" e a prática de companhias pagarem para terem seus produtos veiculados em programas só se tornou prática comum a partir dos anos 80.
Também a partir dos anos 80 que o mercado de séries destinadas ao público adolescente expandiu de forma assustadora. Se antes haviam algumas séries destinadas ao público jovem - como The Monkees ou A Família Partridge - a década de 80 cimentou o público adolescente como alvo. Séries como Fresh Prince of Bel Air, Saved by the Bell, Happy Days, Facts of Life, e a mais conhecida Beverly Hills 90210 - que no Brasil foi bizarramente chamada de "Barrados no Baile" - fizeram sucesso estarrecedor nos Estados Unidos (e ao redor do mundo), mostrando a produtores, emissoras e executivos de marketing que esse nicho traria muitos lucros.
E definitivamente eles não estavam enganados. O product placement parece tomar novo rumo em que o público adolescente é alvo primário. Glee e a nova versão de Beverly Hills 90210 serão alvos de produtos baseados nas séries, mais especificamente coleções de roupas criadas a partir de seus personagens. Esse passo não é uma estratégia nova - a Disney é mestra em fazer filmes e séries infantis e vender milhares de produtos relacionados aos seus personagens. Porém é a primeira vez que as emissoras das séries entram em parcerias com marcas para desenvolver produtos de moda que levem o nome de suas séries.
Mais que mera inspiração - como diversas marcas já fizeram com Gossip Girl ou Sex and the City - dessa vez o negócio é "mais embaixo". A CBS anunciou juntamente com a marca Bebe uma parceria para fazer uma coleção de roupas inspirados nos quatro personagens femininos da série. E a Fox, emissora que veicula a série Glee, anunciou recentemente que a Macy's e a mega-cadeia de acessórios Claire's estão negociando suas parcerias. Ambas emissoras dizem que não querem vender "somente produtos de merchandising", como camisetas com logos das séries, bonés ou *tranqueirinhas*. O que querem é colocar à disposição do público são produtos realmente inspirados pelos armários dos personagens, itens que tenham apelo aos fãs da série e a pessoas que tampouco vejam a série.
É inteligentíssima a jogada. Se antes pedíamos desesperadamente por peças do armário de Sex and the City, agora o pedido foi realizado. Um pouco tarde (e talvez com as séries erradas, né... alou CW, cadê você no grupo!) mas pelo menos é um movimento na direção certa. Muitos podem dizer que isso é mais uma ajuda ao consumismo extremado - e eu até concordo quando o público alvo primário é o adolescente - mas por outro lado facilita demais as procuras incessantes por produtos que não sabemos a marca, de onde vieram e como conseguí-los. No mais, acredito que o problema principal do consumismo não é externo, e sim interno. Cada um é que tem que saber seus limites e aprender a controlar seus impulsos. Como tudo na vida, moderação é a chave.
Agora, o que quero ver é o resultado dessas parcerias e se elas valerão a pena a ponto de serem realmente usadas dentro das séries (até agora não houve menção de que elas seriam adotadas ao figurino). Porque se forem, aí sim vai valer a pena toda essa estratégia de marketing ousada.
P.S.: Pra quem quiser ler sobre product placement e a influência deles nas séries de TV, seguem os links:
- paper sobre a influência de "I Love Lucy" no consumo;
- menção de "I Love Lucy" como o primeiro programa de TV com product placement;
- paper sobre o quão efetivo é o uso de product placement;
- paper sobre a proliferação do product placement como forma de propaganda;
- página da Wikipédia sobre Seinfeld, onde há uma parte interessantíssima sobre como o product placement é recorrente na série;
- artigo sobre o uso de product placement em séries de grande sucesso no Reino Unido, apesar de proibido por lei;
- paper sobre o efeito do consumo originado a partir de product placement em sitcoms;
- artigo sobre o uso de product placement em um episódio recente de Glee.
2 comentários - Comente aqui!:
amei muito o post, bem criativo! E o blog tá lindo, já to seguindo e vou vir aqui todo dia, espero que possa também.
Beijos, Bel.
houseofaia.blogspot.com
Como estamos entre semanas de moda fizemos um post sobre as semanas de moda e o papel dos blogs no Alfinetes de Morango, passe lá e deixe seu recado.
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Bjos
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