Wednesday, 14 July 2010

divagações sobre o útil

Navegando pela internet, tenho visto comentários em diversos blogs de moda reclamando que a maioria deles só "impõe" e não agregam nada às pessoas; que a maioria dos posts são dedicados ao estilo de pessoas específicas, à bolsas e sapatos caríssimos, a roupas e marcas inacessíveis; e que as "pessoas normais"/"reles mortais" sentem-se oprimidas com tanta informação sobre coisas que não podem ter nem comprar. Tenho que dizer que esse tipo de comentário é do estilo "faca de dois gumes": se por um lado as pessoas estão certas em expressar sua insatisfação com a martelada constante de "it bags", "it girls" e "it tudo mais", por outro lado ele instiga um debate importante: como separamos "tendências" de moda? Ou como separamos "ícones" de estilo?




Estes comentários me levaram a pensar em como eu poderia ser útil: como esse blog pode ser uma ferramenta de informação relevante, seja para falar sobre o "it esmalte" ou para explicar e ajudar nossas leitoras a desenvolver um estilo próprio. Com isso em mente, tentarei a partir de agora fazer "posts-reflexão" voltados para peças e influências mais atemporais, com o intuito de auxiliar todos, sejam estas pessoas que julgam não "saber nada" de moda, como também para dar uma clareada no pensamento de fashionistas que, por estarem tão envolvidas nos meandros da moda, às vezes podem acabar se confundindo (à exemplo do que constantemente acontece comigo mesma).

Uma das coisas que eu acho super importante de entender é esse contraste estilo x moda. A maioria das pessoas dirá que estilo é uma coisa que "se tem"; inerente a certas pessoas e algo difícil - se não quase impossível - de se obter. Estas vão dar inúmeras respostas para o que é moda: a indústria, as roupas, as cores, os cortes, a tendência...


estilo? ou seria moda?


Particularmente, acho que a palavra "moda" foi tão utilizada que perdeu seu sentido inicial. Moda é o transitório, o efêmero, o passageiro. Ou seja, moda é o que está aqui hoje, mas talvez amanhã não estará. A palavra não se restringe às roupas: existem as modas em todos os segmentos. Ou quem é que nunca desejou um Nintendo ao invés de um Atari? Ou uma panela Le Creuset ao invés de Tramontina? Ou um Mini Cooper ao invés de um Corsa? Uma casa na montanha ao invés da praia? Um desenho da She-Ra ao invés de Ursinhos Carinhosos? Tudo tem seu tempo e moda representa isso.

Já "estilo" é a atitude, como ulitizamos a moda. Algumas pessoas conseguem combinar certas peças, certas décadas ou até mesmo estilos com mais facilidade, enquanto que a imensa maioria, bem... fica tentando pela vida inteira. Esse é o ponto mais importante: a maioria das pessoas (e eu me incluo nesse "bonde") não tem um estilo próprio porque não sabe por onde começar e aí entram as "influências negativas": as pessoas, perdidas, buscam em revistas, sites e blogs soluções para desenvolver um estilo; porém encontram "it girls", "it bags" e outros assuntos e acham que seguir o que está sendo colocado como "it" é ter estilo.


"it girls" do lookbook.nu: elas tem estilo ou 'estão na moda'?


Aqui entra um "mea culpa": sim, eu falo em diversos momentos sobre *it coisas*, escrevo sobre desejos de consumo e aplaudo escolhas ousadas de certas personalidades. Mas eu também sou uma dessas pessoas que busca um estilo. Talvez o conhecimento de quem trabalha com moda seja superior ao de um observador/consumidor, mas isso não quer dizer que, por causa disso, eu tenha a capacidade de estar bem vestida 24 horas por dia. Muito pelo contrário, acredito que os erros e os acertos ainda estão em quantidades equilibradas no meu "calendário fashion", justamente porque nossos gostos estão sempre em mutação e, consequentemente, nosso estilo (mesmo que pensemos não ter) vai se aprimorando ao longo do tempo.

Quem é que nunca foi a um shopping no desespero, buscando por uma roupa para um evento especial no úlitmo minuto? Quem é que nunca abusou da carteira numa época de promoções, só pra depois ficar com um monte de coisas jogadas no fundo do armário? Atire a primeira pedra quem é que nunca saiu de casa se sentindo "a cereja no topo do bolo" só pra chegar no destino e achar que é pior que Betty, a Feia. Essas são algumas das coisas que imagino que assolem a todas nós e podem ser tratadas no blog de uma forma mais prática, com dicas e sugestões para ter a moda como ferramenta e o estilo como um objetivo atingível.


eu, você e todo mundo faz isso... se preocupa não!


E quanto ao estilo x moda? O que fazer?

Bom, eu acho que você tem que encarar da seguinte forma: pense nas roupas que você tem dentro de seu armário. Todinhas, inclusive as que estão jogadas láaaa no fundo. As roupas que estão lá por cinco, dez anos e você continua usando, são o estilo. Aquelas roupas que há seis meses atrás você usava e hoje não seria vista nem morta, essas são a moda. Nas roupas "estilo" você deve investir; são essas nas quais você pode gastar mais ao comprar, tomar mais cuidado ao lavar, pois elas durarão por anos e anos. As peças do tipo "moda" tem que ser as baratinhas; por mais que elas estejam, bom, na moda, elas eventualmente vão sair e não valem a pena um investimento grande.


tem coisas demais no armário e ainda assim não sabe o que usar? eu também.


Nada disso quer dizer que você não possa comprar algo quando tem aquela sensação de "ai meu Deus do Céu quero agooooooraaaaa". Moda também significa se divertir, ousar, sair da "zona de conforto". Por isso, claro, tem uma coisa ou outra que pode ser mais carinha sim. O que não pode acontecer é deixar essa voz ser controlada por blogs, ou "it coisas" ou "it pessoas" ou revistas ou sites - e sim pelo seu gosto individual e sua personalidade. As dicas devem servir apenas como referência.

E, mais importante - e que vamos falar por aqui num futuro bem próximo - você tem que aprender o que é bom pro seu corpo (e não o que está na moda) e saber em mais detalhes a diferença certinha entre uma peça "investimento" e "tendência". Ficamos combinados?

1 comentários - Comente aqui!:

Lay Rosa said...

texto incrível!!! amei !

 
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